Até aqui chegamos. Para onde vamos?

Quase um ano de pandemia. Nossas vidas mudaram radicalmente. De início nos fechamos, com medo do desconhecido. Nos distanciamos para proteger a nós mesmos e ao próximo.

Iniciativas diversas pelo mundo, a ciência engatinhando procurando entender, analisar, concluir e planejar curas, vacinas, condutas, enquanto os casos subiam e as mortes aconteciam.

Passamos a entender de metodologia científica, a população passou a conhecer o que era fase 1, 2, 3 e 4 de um estudo científico. Os morcegos passaram a simbolizar o mal, nunca se falou tanto de vírus, de limpeza, de álcool gel e de máscaras.

Nas Instituições para idosos, no mundo inteiro, vidas eram ceifadas. Com os poucos dados que tínhamos, montamos estratégias de proteção, isolamento, condutas preventivas, terapêuticas, suspensão de atividades e as dolorosas suspensões das visitas, não mais convívio nos refeitórios, entre outras condutas de isolamento necessárias.

Na medida em que os métodos diagnósticos eram desenvolvidos, pudemos rastrear quem ficava doente ou era portador do vírus de forma assintomática. Pudemos rastrear aqueles que ficaram doentes e se recuperaram.

Quando pensávamos que estava tudo melhor, veio a segunda onda. Cansados física e emocionalmente, nos levantamos para a continuidade da luta. Desta vez, mais experientes, menos medrosos, redefinindo condutas. Sabíamos que, desta vez, com o retorno à “normalidade” seria impossível proteger os moradores de adoecer; a meta agora era a detecção rápida e a agilidade na definição do diagnóstico e tratamento. E isso em meio a tantas polêmicas relacionadas a medicações curativas e “milagrosas”…

Além do desafio de proteger os idosos, o desafio de não deixar faltar insumos, de redefinir escalas por funcionários que adoeciam ou eram licenciados por perda de parentes, ou afastados por suspeita de estarem contaminados e, portanto, um risco à transmissão do vírus dentro da Instituição.

Adoeceram.

Alguns se curaram, sozinhos.

Alguns se curaram, mas foram admitidos em hospitais e retornaram. Alguns com sequelas, outros não.

Alguns foram aos hospitais e não retornaram…

E todos, moradores, cuidadores e funcionários, sofreram as consequências deste inesquecível ano de 2020. Fadiga física, fadiga mental, fadiga emocional, conflitos inevitáveis, depressão, ansiedade, sequelas físicas da própria virose.

E vieram as vacinas. Conseguimos vacinar todos os idosos com as duas doses. Mas as perguntas permanecem. Qual a melhor vacina? As vacinas protegem contra as mutações? Por quanto tempo a vacina protege? Podemos tomar outras vacinas além da que nos foi oferecida?

Haverá terceira onda?

Hoje, planejamos as próximas fases, redefinindo condutas de forma pensada e progressiva, pois só temos certeza da incerteza e o remédio não deve ser pior que a doença.

Entendemos as angústias das famílias e amigos dos nossos residentes. Durante todo esse tempo procuramos manter canais virtuais abertos de contato com a nossa equipe e entre os residentes e seus próximos. Estamos pensando nas mudanças sem ter o cuidado e as precauções do comportamento das novas mutações e o impacto que a vacinação trará.

O Talmud nos ensina que o sábio não é aquele que sabe as respostas, mas aquele que sabe quais as perguntas corretas!

Sou otimista. Acompanho de perto há um ano as perguntas. Tenho encontrado vários sábios nessa pandemia.

Vamos perseverar, vamos acreditar e, acima de tudo, vamos respeitar a vida, fazendo tudo que está ao nosso alcance para que ela seja preservada.

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