O Setembro Lilás é o mês de conscientização da doença de Alzheimer e outros tipos de demência. Aproveitamos a ocasião e pedimos ao Dr. Davis Taublib, geriatra especialista pela SBGG e que atua no Bem Estar – Lar Israelita de Cuidados ao Idoso há 40 anos, que compartilhasse conosco a respeito dos últimos achados e perspectivas de tratamentos da doença.
No texto, Dr. Davis compartilha conhecimentos sobre os estágios iniciais da doença, que abre novas perspectivas para o desenvolvimento de tratamentos que possam retardar ou prevenir a progressão do Alzheimer.
Leia a seguir:
Afinal, como e quando começa a Doença de Alzheimer?
Primeiramente, vamos falar de memória. É uma das queixas mais comuns em consultório de Geriatria.
Mas quando se preocupar?
Demência não é somente perda de memória. Na verdade, perda progressiva da memória é uma das manifestações da doença de Alzheimer.
Quando a perda da memória está associada a uma perda progressiva da capacidade de gerenciar a própria vida, aí sim temos Demência. Associam-se também, distúrbios comportamentais, que vão da depressão e falta de prazer em realizar atividades, até a agitação e a agressividade. Distúrbio de sono e perambulação noturna também podem ser incluídos nos sintomas.
Segundo: Quando começa a Doença?
Hoje sabemos que as modificações fisiopatológicas da doença de Alzheimer se iniciam 20 anos antes das manifestações.
Recentemente foi publicado na conceituada revista médica The New England Journal of Medicine um artigo intitulado “Mudanças dos Biomarcadores nos 20 anos que precedem a Doença de Alzheimer”. O estudo foi realizado na China de 2000 a 2020. Durante este período, 648 participantes em que a Doença de Alzheimer se desenvolveu foram comparados a 648 pessoas que não desenvolveram a doença.
A cada 2 a 3 anos os participantes foram submetidos a avaliação cognitiva e de neuroimagem e análise do líquor (líquido cefalorraquidiano). Nos participantes que desenvolveram Alzheimer, biomarcadores da doença estavam aumentados antes da sua manifestação: beta-amiloide apresentou aumento na sua concentração 18 anos antes da manifestação da doença; a relação Abeta 42/40 alterou 14 anos antes; a proteína TAU fosforilada 11 anos, proteína TAU 10 anos, Cadeia Leve de Neurofilamento 9 anos. O Hipocampo apresentou alteração de volume 8 anos antes do surgimento de manifestações clínicas e o declínio cognitivo foi detectado 6 anos antes.
Estas informações já tinham sido descobertas em outras pesquisas, porém, não haviam estudos com população asiática, comprovando e validando esse conhecimento.
Bem, mas e agora?
Essa informação abre uma janela de oportunidade para estudar intervenções terapêuticas que podem, quem sabe, não só prevenir, como também curar a doença.
Ficamos com a esperança de que novas intervenções terapêuticas possam mudar o rumo de uma doença tão devastante na vida das pessoas e da sociedade.